terça-feira, 16 de setembro de 2014

Marcia Rosa retorna às funções de prefeita após 35 dias

Por Douglas Deiró
(Publicado, originalmente, no Jornal da Cidade de 18/07/14)

No último dia 2/7, após 35 dias, a Prefeita Marcia Rosa (PT) retornou à cadeira do Executivo. O Tribunal Superior Eleitoral concedeu liminar, cujo processo da saída, deu-se após decisão do juiz eleitoral Dr Sérgio Ludovico Martins, determinando a cassação - em primeira instância - por suposto Abuso de Poder Político e de Autoridade e Utilização de Meios de Comunicação e Propaganda Eleitoral Antecipada na campanha eleitoral de 2012.
Perguntada à respeito, respondeu que não esperava que fosse ser um período longo e que aprendeu à conceituar a dor pública da pessoal. “Nos primeiros dias, acordava pensando em ir trabalhar, como fiz minha vida inteira, ‘Para onde vou?‘... não estava como Prefeita nem podia ir para escola lecionar. Refleti sobre a vida, buscando o eixo interno, olhando para dentro de mim mesma”. Disse ter ficado em Cubatão, ao lado da família, tendo mais tempo como cidadã, até, passeado no Parque Anilinas e ido ao cinema. “Também pensei sobre o ponto vista político e a caminhada por uma sociedade mais justa. Para construir isto, é preciso buscar forças em Deus. Tudo isto ajudou à manter a esperança de que se faça justiça porque, se tem uma dor que machuca profundamente, é o sentimento de injustiça”.

Prefeita Marcia Rosa durante entrevista concedida em seu gabinete.
Crédito: Erly Jr.

Marcia Rosa enfatizou o fato de não sido eleita no “Tapetão” e que, a questão do jornal ter influenciado sua campanha, não procede: “Os votos foram obtidos das ruas, com quase 56%, um percentual muito grande. Vendo os processos, vi um monte de mentiras como haver gôndolas dentro de repartições públlicas somente com exemplares do Reação Popular... quem frequenta, sabe que haviam publicações diversas, entre jornais e panfletos. Quando um juiz recebe o processo, se baseia no que está nos autos”. Ainda sobre, disse ter se surpreendido com as afirmações que, tal semanário, a havia transformado na maior liderança da Baixada Santista: “Como, um jornal com circulação discreta, em Cubatão somente, poderia me tornar uma liderança regional? Não há como. Derrotamos quatro ex-prefeitos que teimam em transformar isto em uma batalha de vida ou morte. Contudo, no despacho do juiz, é dito que, se a coligação que perdeu as eleições se sentiu prejucada, porque não questionou, não buscou o mesmo espaço na publicação? Enfim, porque não denunciaram antes? Isto compromete a beleza do jogo democrático, de ir à urna e votar no seu candidato”.

Jornal da Cidade (JC): Essa batalha judicial pode ter dado um “nó” na cabeça do munícipe uma vez que, uma instância do processo a permitiu continuar, outra a afastou e, agora, a reconduziu novamente. Não teme que todo esse trâmite macule a imagem de sua administração? Como trabalhar com esta “nuvem pairando sobre a cabeça”?
Marcia Rosa (MR): Só há uma maneira de reconstruir uma imagem, por meio da comunicação séria. Quando se lê uma manchete ‘Prefeita é Cassada’‘, isto leva à pensar, imediatamente, que a Prefeita fez alguma coisa errada... muitos, nem lêem o conteúdo. Não se sabia quem era o prefeito pois, toda hora, saíam notícias - por alguns, de má fé - dizendo que estava cassada, sempre que o mesmo processo era movido. Não é um processo diferente, não é o meu governo sendo julgado nem respondo por improbidade ou mesmo tenho condenação em minha vida pública e particular. Estou em fase de recurso e, a estrutura jurídica do país, possui intâncias, são as formas de se elucidar a verdade.
JC: Em entrevista, perguntamos ao até então prefeito Wagner Moura, qual havia sido foi sua primeira como interino. A senhora voltou, qual foi a sua ação?
MR: Já fazíamos trabalho conjunto. Por exemplo, preparei a lei de reajuste do funcionário público, a encaminhamos à Câmara e foi aprovada. Não tive a chance de assinar, mas o Wagner fez isto e fiquei feliz igualmente. Desde o início do meu mandato, temos discutido a Operação Delegada, uma parceria com a Polícia Militar. Foi montada a comissão, foram feitas reuniões, só faltando, mandar à para a Câmara. Eu saí mas, ele mandou o projeto para votação e, caso aprovada, poderei assiná-la. Há as obras de manutenção, como a do Estradão da Vila Esperança, onde fiz a contratação da empresa mas, quem fez a ordem de serviço, foi ele também. São exemplos que mostram esta parceria, o cuidado para não deixar a Cidade parar.
JC: Moura nomeou novos secretarios municipais. Haverão mudanças?
MR: No início, não achávamos que meu afastamento fosse ser tão longo. Chegou um dado momento que, não sabíamos quanto tempo mais duraria e ele tinha uma equipe que o acompanha, precisava dela, são pessoas que ele confia. Com todo o direito de quem estava em exercício, promoveu alterações, assim como as farei também porém, nada radical... umas podem permanecer, outras não.
JC: Pode-se dizer que foi uma transição tranquila, considerando o quadro geral...
MR: Esta é minha avaliação, até porquê, não ficamos ilhados. Somos do mesmo partido, mais do que isto, somos amigos. Temos proximidade e também foi Secretário de Obras em meu primeiro mandato. Sendo assim, ele conhece a máquina pública, tornando as coisas, menos impactantes.
JC: A senhora chegou a citar a frase “Sem Revanchismo” em uma de suas falas. Durante esses dias longe do cargo, houveram as chamadas “punhaladas”? Se sim, elas foram perdoadas?
MR: Rancor, não faz parte de meu perfil, este sentimento, só faz mal para quem guarda. Temos que ter a leveza de conseguir entender o comportamento do outro,cada um age de um jeito diante aos fatos que a vida apresenta. Graças à Deus, não sou assim, do contrário, neste cargo que aqui estou, seria um sofrimento contínuo. Nós como humanos, precisamos crescer e, a Marcia de ontém, não é a mesma de hoje e espero que, amanhã, eu seja uma pessoa melhor.
JC: Planos futuros? Projetos... obras...
MR: Nos próximos dias, entregaremos a nova Policlínica. Já resolvi a questão da locação do prédio ao lado da CMT (Companhia Municipal de Trânsito, na Av. 9 de Abril) e entregaremos também a UBS da Vila Nova. Há também os três Centros Esportivos, cujas verbas, conseguimos por meio de emendas, obras serão concluídas ainda este ano. As do Eco Plaza já começaram. No espaço do prédio antigo, serão construídos o Centro de Parto Natural e a Casa da Gestante e do Bebê, que fazem parte da Rede Cegonha, dentro do que chamamos de Quarteirão da Saúde. Estas, são viabilizadas com recursos particulares, contrapartida da construção do shopping. Além disto, são R$ 160 Milhôes de investimentos e, só neste primeiro momento, gerará 3.500 empregos.

“Meu mandato ainda não terminou e, tenho certeza que, ao término dele, realizaremos mais. Em 2015, começaremos com uma situação diferente na arrecadação de ICMS. Não podemos esquecer 2013, um ano extremamente difícil onde, 6 meses, foram voltados para a enchente que assolou a Cidade, cujas sequelas, ainda existem. Vamos pisar no acelerador, olhar para o futuro e, passada minha época (como prefeita), quero deixar a biografia de ter lutado com as armas do bem”, concluiu.

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